sábado, 17 de dezembro de 2011

Um Dia de cada vez...


Pensei em você hoje, como seria se estivesse comigo, senti vontade que estivesse.
Sabe muitas coisas mudaram desde quando você se foi, mudanças que me obrigaram a crescer. Algumas eu nunca entendi.
Sinto sua falta as vezes...
Tenho me sentido sozinha esses dias, sei lá parece que perdi o rumo, o sentido da vida. Sei que não posso me dar ao luxo de fraquejar agora, como eu disse muitas coisas mudaram.
Peguei o telefone e cheguei a digitar seu numero essa noite, fiquei alguns minutos olhando o visor mas desisti em seguida, não podia te ligar ; o que eu ia te dizer se caso atendesse?
Preciso tirar você da minha agenda, afinal não foi só a minha vida que mudou, fiquei sabendo que as coisas mudaram por ai também, alguém até me disse que você ta bem, ta feliz.
Às vezes sinto saudade da sua voz calma ao telefone, do jeito de me pedir calma também. Chego a sorrir lembrando dos planos feito tão depressa, e  desfeito mais rápido ainda. Hoje entendo eu precisava crescer...
Não sei como vai ser daqui pra frente, ando deixando o amanhã pra depois... O amanhã pra amanhã, vivo tentando... vivendo um dia de cada vez.



Ninaa

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Prometo.


Mexe, remexe, vira e revira essa minha vida tão sem cor.
Chega devagarzinho com jeito, pois estou meio sem jeito, mas preciso do seu amor.
Olhos suas mãos tão pequenina, te sinto tão só minha não importa aonde eu vou.
Minha princesa, minha linda você chegou á minha vida, me trazendo luz, me dando cor.
Prometo te fazer feliz, te proteger não importa o que for.
Estarei te esperando o tempo todo e a todo tempo.

Ninaa

domingo, 13 de novembro de 2011


"Tô me aproximando de tudo que me faz completa, me faz feliz e que me quer bem. Tô aproveitando tudo de bom que essa nossa vida tem. Tô me dedicando de verdade pra agradar um outro alguém. Tô trazendo pra perto de mim quem eu gosto e quem gosta de mim também. Ultimamente eu só tô querendo ver o ‘bom’ que todo mundo tem. Relaxa, respira, se irritar é bom pra quem? Supera, suporta, entenda: isento de problemas eu não conheço ninguém. Queira viver, viver melhor, viver sorrindo e até os cem. Tô feliz, to despreocupada, com a vida eu to de bem.”


segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Dependente.



Acordei pensando em você essa manhã, não que não pense em você todos os dias, ultimamente tudo que tenho feito é pensar em você.

Mas essa manhã foi diferente, o dia que começava parecia alegre, colorido, senti a brisa da manhã tocar meu rosto levemente, o peso que antes sentira tinha desaparecido, acho que estou me acostumando com você.

Foi um periodo dificil, que preferi me esconder ao invés de falar, quantas vezes chorei escondida no banheiro por você, noites sem dormir , aquela sensação que eu não conhecia era tão constante que não sabia decifrar e nem como lidar com tudo aquilo.

Mudanças... Algumas vezes nos confunde, nos intriga, deixando tantas dúvidas e medos no ar.

Não sei bem ainda se estou totalmente segura, mas de uma coisa eu tenho certeza, pensar em você me faz tão bem, acho que sou mais dependente de você do que você de mim.






Ninaa

sábado, 8 de outubro de 2011

Saudade



Sonhei com você essa noite, me lembrei de como éramos felizes.
Não precisavamos mais de ninguém, só eu e você...
Como voce me fazia..bem...como nos faziamos bem...


Ninaa

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Esteja em paz!

Sorriso contagiante, jeito meio moleque que se destacavam entre os que na mesa estavam.

Todos com gargalhadas escutavam atentamente as histórias contadas por ele, ali estavam os seus amigos mais queridos, seu jeito de gesticular falar alto encantavam aqueles que o conheciam tão bem quanto aqueles que acabam de conhecê- lo, gênio forte não deixava que ninguém o intrigasse.

Mas foi aquela noite que a estúpida tragédia veio a emudecer muitos desses amigos que aprenderam a sorrir com ele, a tristeza tomou conta daqueles que com ele se divertiram tantas noites antes dessa.

Lutou, lutamos, pedimos, imploramos a Deus que não te levasse, mas ele te amava demais e também sentia falta dessa sua alegria e desse seu sorriso e queria você de volta para alegrar lá em cima. E assim ele nos venceu e você se foi.

Ta doendo.

Aquele sorriso largo vai ficar na memória de muitos amigos que conviveram com você, e aqueles que apenas o conheceu.

Helder, a saudade que sentimos agora ta doendo muito, mas aprendemos muito com você

Sei que está bem onde está, mas somos egoístas e queríamos muito estar com você aqui.

Fique em paz lindo anjo.... fique em paz!

Ninaa

sábado, 17 de setembro de 2011



Ele olhou pra ela sorrindo e disse:

-Quanta coisa boa te aconteceu esse ano! - Vai parar de beber, deixar de fumar e ainda vai ter ao seu lado uma pessoa que sempre te amará, como ninguém nesse mundo.

Ela sorriu... ele tinha razão.


Ninaa

quinta-feira, 15 de setembro de 2011


"Chorar por tudo que se perdeu, por tudo que apenas ameaçou e não chegou a ser, pelo que perdi de mim, pelo ontem morto, pelo hoje sujo, pelo amanhã que não existe, pelo muito que amei e não me amaram, pelo que tentei ser correto e não foram comigo. Meu coração sangra com uma dor que não consigo comunicar a ninguém, recuso todos os toques e ignoro todas tentativas de aproximação. Tenho vergonha de gritar que esta dor é só minha, de pedir que me deixem em paz e só com ela, como um cão com seu osso"

quarta-feira, 14 de setembro de 2011





"Então, que seja doce. Repito todas as manhãs, ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou cinza dos dias, bem assim: que seja doce. Quando há sol, e esse sol bate na minha cara amassada do sono ou da insônia, contemplando as partículas de poeira soltas no ar, feito um pequeno universo, repito sete vezes para dar sorte: que seja doce que seja doce que seja doce e assim por diante. Mas, se alguém me perguntasse o que deverá ser doce, talvez não saiba responder. Tudo é tão vago como se fosse nada"




Caio F. Abreu

sábado, 10 de setembro de 2011


Você ainda me dói de vez em quando, ainda penso em você as vezes e até chego a sentir saudade.
Ah você! que não merece um olhar, uma palavra, um gesto.
Não quero mais ter você em mim, não admito pensar um só segundo em ti.
Quantas vezes você me olhou e disse:
- Quero te proteger.
Só se esqueceu que eu não precisava proteção de nada a não ser de você.
Vou apagar cada minuto, cada sorriso, cada desejo...
Desfaço hoje o sonho, a promessa de querer - te.

Ninaa

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Preciso de você.



Eu sei que você precisa de mim, que seu coração depende do meu.
Mas juro que está tão dificil aguentar.
Hoje ouvi coisas das quais me deixaram muito triste e sei que você ficou triste também, me perdoe.
Tenho bons amigos sabe, amigos que me fazem seguir em frente e lutar por nós dois, mas as vezes não entendo algumas coisas.
Fiquei tão feliz ao te ver ontem, foi tão maravilhoso que até esqueci os problemas que me cercam.
Estou tentando pensar mais em você , e não tanto em mim como pensava antes, eu sei que quer me ver feliz porque assim posso te fazer feliz também.
Sabe desculpe por estar chorando e te fazendo sofrer assim, mas talvez pra chegar ao paraíso tenhamos que enfrentar caminhos cansativos e destrutivos.
Nós nos conhecemos faz tão pouco e já to tão carente de você, preciso que me ajude a suportar, que me ajude a lutar por você.
Hoje eu sei que seremos só nós dois...Pra sempre!


Ninaa - 07/09/2011

A primeira vez...



Aproximava se das dezessete horas, o sol se preparava para retirar se dando assim espaço a lua que tranquilamente esperava sua vez. Ela estava apreensiva suas mãos suavam, não sabia ainda como agir quando chegou a sua vez. Uma moça alta simpática a acompanhou até a sala, ela estava prestes a vê- lo. Depois de alguns minutos ela o viu pela primeira vez ,ele estava ali era apenas um sinal que piscava dizendo que tudo ficaria bem.
Sentiu uma lágrima quente tocar seu rosto e com um sorriso nos lábios pensou: " É realmente um milagre".

Ninaa 06/09/2011 19:00

sábado, 3 de setembro de 2011


    Não foi na primeira vez que o viu, nem na primeira vez que tocou seus lábios.
Não foi nas primeiras palavras trocadas aquela noite que saíram juntos pela primeira vez.
Foi sim, no primeiro problema, na primeira desilusão, no medo da realidade que ela realmente o conheceu.
Estava passando o maior problema já enfrentado aos 29 anos. Não tinha idade para o desespero, se considerava uma pessoa madura, cheia de experiência. Quando de repente se viu olhando no espelho num desespero sem tamanho.
Não sabia o que fazer, a mulher madura agora estava aos prantos sem dar um passo a diante.
Sabia que precisava de alguém, era adulta o suficiente para enxergar que sozinha não conseguiria suportar, pensou então naquele amigo tão querido que sempre estava disposto ajuda La, no entanto se lembrou que este estava longe demais pra consola lá e naquele momento tudo que ela precisava era de um abraço.
Pensou então família, eles nunca a deixaram na mão. Num é assim que se diz? Que família é família sempre apóia. Pois é ela resolveu correr para eles, mas pensou: Como eles poderiam apoiar tal acontecimento? Desistiu.
Sentou na calçada, acendeu um cigarro e pensou nele. Sim ele que fazia parte dessa situação que deveria apóia La, sabia que ele também estava assustado, mas virar as costas a ela e se calar talvez não fosse a melhor escolha.
Decepcionou se. O homem que aparentava ser forte, inteligente, sensato, estava ali a alguns metros de distância emudecido, nenhum gesto, nenhuma palavra, nada que pudesse esboçar qualquer opinião.
Revoltou se! Porque ele num dizia nada? Se pelo menos se irasse com ela, dissesse o que estava sentindo. Mas não! Ele apenas se afastou, talvez por susto, medo, confusão, ela não sabia e não queria pressioná lo.
Foi então que percebeu que talvez ela fosse mais forte do que suponha ser, descobriu que tinha pessoas maravilhosas ao seu redor, amigos que de tão amigos são mais que irmãos.
Chorou, mas dessa vez não foi de tristeza, foi de pensar que nada é por acaso e que essa nova fase talvez não fosse tão ruim assim.







Ninaa

quarta-feira, 24 de agosto de 2011



Nem sempre o olhar mais doce é o mais sincero.

Nem sempre o sorriso mais escandaloso, é o mais feliz.

Nem sempre quem te diz "To contigo" é seu amigo.

Nem toda lágrima é de tristeza.

Nem todo fogo é paixão.

Nem todo amor é eterno.

Observe, crie e descubra o que acontece nos bastidores da vida.

Nem sempre estar na platéia é o mais interessante



Ninaa

sábado, 20 de agosto de 2011

Inverno


Era uma noite fria de inverno, a garoa anunciava o frio, as primeiras horas da madrugada se aproximava.
Sentada em uma mesa aparentemente molhada, ela o ouvia atentamente, seus olhos brilhavam ao olhar pra ele. Como era bom estar ali.
Sorriu, nada mais importava quando estava com ele, tudo parecia tão pequeno, sem importância. Ele tinha uma espécie de dom ou hipinose que a fazia se desligar de tudo, e isso a fazia muito bem.
Não sabia por quanto tempo o teria por perto, sentia medo mas arriscava, queria, sentia que precisava dele.
Durante a noite sentiu uma tristeza imensa, não queria que as horas passassem tão depressa, não queria perde lo. Mas perde lo, seria como dizer que ele fosse seu, mas não o era.
Suspirou! Era a hora de deixa lo.
Queria dizer tanta coisa a ele, no entanto resolveu não se precipitar, deixando assim em oculto seus pensamentos, vontades, sonhos.
Retornando deitou em sua cama, e por algum tempo ficou ali revivendo cada momento daquela noite de inverno.



Ninaa

terça-feira, 16 de agosto de 2011




“Num deserto de almas também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra.”



“Lá está ela, mais uma vez. Não sei, não vou saber, não dá pra entender como ela não se cansa disso. Sabe que tudo acontece como um jogo, se é de azar ou de sorte, não dá pra prever. Ou melhor, até se pode prever, mas ela dispensa.
Acredito que essa moça, no fundo gosta dessas coisas. De se apaixonar, de se jogar num rio onde ela não sabe se consegue nadar. Ela não desiste e leva bóias. E se ela se afogar, se recupera.
Estranho e que ela já apanhou demais da vida. Essa moça tem relacionamentos estranhos, acho que ela está condicionada a ser uma pessoa substituta. E quem não é?
A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas?
A moça…ela muito amou, ama, amará, e muito se machuca também. Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar.
Às vezes esse alguém aparece, outras vezes, não. E pra ela? Por quem ela espera?
E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará.
A moça – que não era Capitu, mas também têm olhos de ressaca – levanta e segue em frente.
Não por ser forte, e sim pelo contrário… Por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo.”





(Caio Fernando Abreu)

terça-feira, 9 de agosto de 2011



Agora eu sou um vento só escuridão eu virei pó, fotografia, sou lembrança do passado
Agora eu sou a prova viva de que nada nessa vida é pra sempre até que prove o contrário.
Eu me aqueço, eu endureço, eu me derreto, eu evaporo e caio em forma de chuva

domingo, 7 de agosto de 2011

Proibido



Vinho sobre a mesa, olhares, sorrisos..
Qual era o mistério atrás daqueles olhos?
O que ele pensava enquanto olhava pra ela?
Atenta ela absorvia cada palavra dita por ele, cada sorriso, gestos, olhares.
Ele a encantava.
Curiosa procurava pistas sobre ele, queria desvendá lo, conhece - lo, estar com ele já não era mais o suficiente, precisava explorá lo.
O que a mantinha tão perplexa olhando pra ele? Não obtinha responda, talvez fosse o proibido que a atraía.
Sim! Ele era proibido a ela, mas não se cansava de sonhar, de querer.
Sabia que jamais o teria, resolveu então guarda lo, mas onde?
Pensou, pensou e decidiu deixa lo em lugar oculto, onde só ela saberia...seu coração
Talvez ele nunca venha a saber o quanto a fascinava, e o quanto a fazia crescer.

Ninaa




sábado, 6 de agosto de 2011

Apaixonados pela Lua





Ontem tive um sonho
Caminhamos entre as nuvens do céu
Desenhamos lembranças de nós dois
Envolvidos no azul do véu

Não ficaremos juntos
Se não soubermos a arte de amar
Esse segredo tão bonito do caminho
Hieróglifos de um livro para decifrar

Na viagem desse sonho
Nossas almas eu vi flutuar
Nas delicadas linhas do infinito
Fomos filhos de um romance, de um amor lunar

Apaixonados pela lua
Cheia de mistérios
Nos finos grão de areia, mente branca
Segredo e solidão em seus hemisférios

Ontem tive um sonho....


sexta-feira, 29 de julho de 2011

E seu pedisse...


Se eu pedisse que você bebesse menos, fumasse menos...
Se eu pedisse que buscasse sua independência, que pensasse mais em você.
E seu eu te falasse que você precisa de um plano B .
Se eu pedisse que corresse atrás das borboletas, que não desistisse dos seus sonhos.
E se eu dissesse que a vida espera de você o primeiro passo, que precisa lutar , gritar quando tiver vontade, chorar quando se sentir perdida, gargalhar em frente a situações aparentemente irreversível.
E se eu garantisse que você é bem mais forte do que pensa ser.
E se eu pudesse, se eu pedisse...
Ame, lute, sinta... , porque a vida passa depressa demais pra ficar em cima do muro pensando nos "E se" meu bem! Não tenha medo criança que o mundo te espera lá fora, e o tempo não perdoa passa depressa demais


Ninaa

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Pra você....





Vá garota, acorde..

Acorde, garota! Você é linda, inteligente, tem um ótimo perfume e seus olhos brilham mais que um punhado de purpurina. Por que chora? Perdeu em alguma esquina seu encanto?! Ninguém pode tirar de você seu mais belo sorriso, motivo de idas e vindas saltitantes. Coloque sua música favorita para tocar, respire fundo e faça o que de melhor sabe fazer: ser você!




Caio F. Abreu

domingo, 24 de julho de 2011

"Ainda bem que sempre existe outro dia. E outros sonhos. E outros risos. E outras pessoas. E outras coisas" - Clarice Lispector

E eu que pensei que era amor, era um só um pontinho ali que incomodava e incomodava.
Uma saudade assim meio carente, um querer de não querer.
Era só mais uma, que cruzava aquela ponte, se vendo do lado de lá.


Ninaa

terça-feira, 19 de julho de 2011





Lembrou ele o dia todo, pensou no que ouvira aquela manhã....
Não acreditava que ele puderá ter feito aquilo....mas ele fez!
E era o sinal do início do fim...
O fim de algo que parecia ser eterno..




Ninaa

domingo, 17 de julho de 2011

Boa Sorte



Ela se aproximou dele, fazia muito tempo que não O via.

Seu coração disparava, as mãos suadas, sentia seu corpo tremer... Era ele!

Com o mesmo olhar, jeito de falar, sorriso.

Tentando disfarçar a saudade a vontade de abraçá lo, olhou pra ele e disse - Como vai?

Não podia mostrar o quanto estava frágil diante dele.

O sorriso dele a contagiava , era bom vê lo novamente.

Era difícil olhar nos olhos dele, sem deseja lo.

Era impossível ficar ao lado dele e não sentir a paz que transmitia.

Não conseguiu ficar muito tempo ao lado dele, as lembranças surgiam em sua mente.

Lembrou se das vezes que chorou ...

A tristeza invadiu sua mente, as marcas em seu corpo fazia imaginar ele sendo tocado... ela não conseguira suportar.

Ainda o amava.

Mas com os olhos cheio de lágrimas e com coração sangrando olhou pra ele e disse

"Boa sorte".




Ninaa





sábado, 16 de julho de 2011

Dia 16-07-2011

Um dia a gente aprende a conviver com uns. E a sobreviver sem outros.




Caio F. Abreu




Fez um mês ontem, que meu telefone tocou aquela noite do fim.
Acho que to conseguindo sem você, mesmo sem te ver.
To aprendendo a não chorar, a sorrir mesmo sem dor.
Acho que cresci todo o esse tempo....
Aprendi que não preciso ter você aqui para amá lo, posso fazer isso
onde eu quiser, perto ou longe.
Percebi que consigo guardar seu cheiro por mais tempo do que eu previa... Ah seu cheiro! Que saudade, que vontade...




Descobrir que ficar sem você dói, e muito...mas vou sobrevivendo...





Ninaa

sábado, 9 de julho de 2011

Crescer..

Não deveria ter fechado a porta aquela noite.

Não deveria ter atendido aquele telefonema.

Não deveria ter dito que não queria mais.

Não deveria ter acordado aquele dia.

Não deveria ter chorado tanto.

Não deveria ter duvido do amor dele.

Não deveria ter acreditado tanto.

Não deveria se apegar a coisas pequenas.

Não deveria mostrar tanta fraqueza.

Não deveria... Deveria... Queria... Podia

A vida não perdoa, e a gente tem que aprender a crescer, conhecer, reconhecer que tudo muda. E como muda.


Ninaa

domingo, 3 de julho de 2011

Navegar Em Mim




Assinando o fim
Eu lamento tanto
Palavras perdidas
Sensações vividas

Eu anulo em mim
A promessa feita
Eu desfaço o sonho
De amor por toda a vida

Foi engano achar
Que você me amou
Afinal de amor
Você não sabe nada
Foi um erro aceitar
O seu gesto de amor
No final a dor
Me fez sua morada

Alguém pra me amar
Precisa me aceitar
Assim como eu sou
Imperfeita, amor
Quem quiser me amar
Precisa ter o dom
Bem mais que seduzir
Navegar em mim

terça-feira, 28 de junho de 2011




Eu quase consegui abraçar alguém semana passada. Por um milésimo de segundo eu fechei os olhos e senti meu peito esvaziado de você. Foi realmente quase. Acho que estou andando pra frente.Ontem ri tanto no jantar, tanto que quase fui feliz de novo. Ouvi uma piada muito engraçada sobre Loucos. Mas aí lembrei, no meio da minha gargalhada, como eu queria contar essa piada para você. E fiquei triste de novo.Hoje uma pessoa disse que está apaixonada por mim. Quem diria? Alguém gosta de mim. E o mais louco de tudo nem é isso. O mais louco de tudo é que eu também acho que gosto dela. Quase consigo me animar com essa história, mas me animar ou gostar de alguém me lembra você. E fico triste novamente.Eu achei que quando passasse o tempo, eu achei que quando eu finalmente te visse tão livre, tão forte e tão indiferente, eu achei que quando eu sentisse o fim, eu achei que passaria. Não passa nunca, mas quase passa todos os dias.Chorar deixou de ser uma necessidade e virou apenas uma iminência. Sofrer deixou de ser algo maior do que eu e passou a ser um pontinho ali, no mesmo lugar, incomodando a cada segundo, me lembrando o tempo todo que aquele pontinho é um resto, um quase não pontinho.Você, que já foi tudo e mais um pouco, é agora um quase.Um quase que não me deixa ser inteiro em nada, pleno em nada, tranqüilo em nada, feliz em nada.Todos os dias eu quase te ligo, eu quase consigo ser leve e te dizer: "Ei, não quer ir no parque? A temporada ta acabando..." Eu quase consigo te tratar como nada. Mas aí quase desisto de tudo, quase ignoro tudo, quase consigo, sem nenhuma ansiedade, terminar o dia tendo a certeza de que é só mais um dia com um restinho de quase e que um restinho de quase, uma hora, se Deus quiser, vira nada. Mas não vira nada nunca.Eu quase consegui te amar exatamente como você era, quase. E é justamente por eu nunca ter sido inteiro pra você que meu fim de amor também não consegue ser inteiro.Eu quase não te amo mais, eu quase não te odeio, eu quase não odeio aquelas brincadeiras que você teimava em fazer nos piores momentos, eu quase suporto sua falta de paciência comigo, eu quase não morro com a sua presença, eu quase não escrevo esse texto.O problema é que todo o resto de mim que sobra, tirando o que quase sou, não sei quem é.






Suspirou e pensou " - Coragem, coragem..."

Pegou o telefone e discou o numero que acreditava nem se lembrar mais.
- Alo? disse ela
- Oi, é você? quanto tempo, achei que nunca mais ouviria sua voz? Aconteceu algo?
- Não sei, deu vontade de ligar.
Ele ouviu a respiração dela do outro lado da linha.
- Você ta ai?
- Oi to aqui. respondeu ela
- Ouvi dizer que você estava feliz, o que aconteceu ele te deixou?
- Sim.
- Algum motivo? disse ele
- Não, não me deu nenhuma explicação
Ele a conhecia como ninguém.
- Você ta sofrendo não é? porque se entrega demais, fica vulnerável.
- Eu sei já me disse isso antes.
- Vai passar! - disse ele acendendo o cigarro - Você não O procurou? não quiz saber o que aconteceu?
- Não - disse ela. -Ele deve saber o que está fazendo.
Deitou na cama com o telefone na mão, e suspirou com tristeza.
- Moça, ta chorando? - ele sabia que ela estava, podia ver seu rosto triste suas mão limpando as lágrimas, conseguia sentir em sua voz o quanto ela tentava disfarçar.
- Eu to bem
- Você quer que eu vá até ai? Acho que ta precisando de mim, to preocupado com você.
- Não, não precisa só conversa comigo. Ainda me ama?
Ele ficou em silêncio por alguns segundos.
- Você sabe que sim, apesar do tempo ainda penso em você. mas agora não importa mais.
- Me perdoa, não devia ter ligado.
Com a voz doce e calma, ele responde:
- Eu amo você, mas sabe que sempe desejei sua felicidade com quem quer que fosse.
Ela passou a mão no rosto limpando as lágrimas.
- Quer tentar? - disse ela
- Espero você se curar dele, sabe que precisa. Vou estar aqui no mesmo lugar onde sempre estive.



Ninaa




terça-feira, 21 de junho de 2011

Obrigada Deus



Obrigada Deus por não me dar tudo aquilo que por inquietação eu te peço,
Obrigada por virar as costas no meu momento de fúria,
Obrigada por ignorar os meus pedidos absurdos,
Obrigada por nem sempre me dar o que eu quero... mas sim aquilo que mereço..
Ninaa

domingo, 19 de junho de 2011

Ela sentou sozinha, olhando ao redor os casais que sorriam apaixonados, sentiu uma dor imensa.
No barzinho, uma dupla cantava a musica que lembrava ele...
Pensou em levantar se e ir embora, doía demais a sua ausência, contudo resolveu ficar e enfrentar o que estava sentindo.
As horas iam se passando e entre um gole e outro, as lágrimas invadiam seu rosto e a lembrança dele aumentava tornando a dor insuportável.
Foi quando alguém se aproximou dela. Sentiu as mãos quente tocar as suas, sentiu o perfume que nunca antes sentira, e uma voz doce que lhe disse:
- Moça eu  deixa cuidar de você!


Ninaa

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Saudade Sua!

Faz mais um ano que estou sem você.
Ainda me lembro do seu sorriso perfeito, da sua voz, das nossas brincadeiras em sala de aula na faculdade. Foi tão difícil voltar lá sem você.
Não consigo aceitar sua ausência, as vezes tenho a impressão que ainda está aqui.
Lembro me das ligações de madrugada, dos seus amores, dos seus planos... dói...
Ainda choro sua falta...nunca vou aceitar..
Hoje lembrei você e senti um aperto no peito, as lágrimas me invadiram e me lembrei das suas palavras, que incansavelmente me dizia: - Seja feliz Nina custe o que custar.
Eu te amo Marlos!
Onde estiver não se esqueça de mim. Porque eu irremediavelmente lembro me de você sempre.
Esteja em paz!


Ninaa

Eu quero te amar...


Não me cobra um grande amor agora não
Deixa eu me acostumar com seus abraços...Tenho vindo de um amor mal resolvido E o meu coração sofrido tá passando maus pedaços...Gosto muito de você e você sabe,Se não fosse assim não estaria aqui.Eu te peço não insista, mas não quero que desista...Vai chegar a hora eu vou me decidir...Eu quero te amar...eu vou me entregar...vai chegar a hora.Eu sinto que vou, te dar muito amor..mas não é agora Eu quero te amar...eu sinto no ar que o amor acontece.Espera com calma, eu busco na alma o amor que merece!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Ta Doendo..



Não queria abrir os olhos, recuso me a acreditar que tudo tivera um fim noite passada.
Milhões de interrogações passaram na minha cabeça. E se eu não tivesse ligado? E se eu não tivesse perguntado? E se eu tivesse insistido?
Respirei fundo com lágrimas nos olhos, pensei: Nada que eu fizesse teria mudado o final.
Era sim, a voz dele no outro lado da linha me dizendo um "não sei". Não sei se quero continuar, não sei se ainda gosto de você, não sei, não sei.
Acordar hoje foi uma espécie de tortura, não queria acordar, não queria trabalhar, não queria viver.
Queria apenas um quarto com minhas lembranças, queria chorar minha dor até secar todas as lágrimas, quem sabe assim teria um pouco de alivio.
Vai ser difícil sem você, vai doer a noite que estarei sem teu cheiro na blusa que me fazia companhia, vai doer olhar para o telefone esperando uma ligação de boa noite.
Vou sentir saudade, muita saudade!
Saudade da sua voz me fazendo rir ao telefone, as brincadeiras em frente ao portão, o ciúme.
Vou te esquecer, eu sei que vou. Tudo isso vai passar. Disso tenho certeza.
Mas por enquanto ta doendo... Muito!

Ninaa

terça-feira, 14 de junho de 2011

Saudade


Se você soubesse que me lembrei de você antes de dormir ontem, que ainda vejo seu sorriso, que escuto sua gargalhada ecoando no silêncio da noite. Ah se você soubesse como sinto sua falta...


Ninaa

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Não entendo.


Ainda tento entender aquela noite, os olhos vagos olhando pro nada e a cabeça que nomeava com tristeza sinalizando o fim de algo que apenas começava, engatinhando em meio a tantos obstáculos impostos pela sociedade, amigos e até familia.
Não conhecia aquela pessoa em minha frente, jeito frio, meias palavras parecia querer dizer algo, mas não conseguia ou não queria dizer.
As lágrimas rolavam sem parar, a dor, o desespero me invadia. Queria entender o que estava acontecendo, precisava entender.
O que aconteceu com aquele amor que dizia sentir? E os planos onde foram parar?
Sentia escapar por entre os dedos tudo que acreditava ser real.
Queria gritar que não O deixaria, queria pedir por uma chance, queria implorar pelo seu amor. Mas não o faria, porque amor não se pede não se implora.
Temo ter sido enganada, usada.
Ouvi suas palavras, respeitei sua decisão. Não podia fazer nada.
Ainda não sei o fim de tudo isso, não sei o que conseguiu te afastar tanto assim, que te fez esquecer que um dia me disse não deixar ninguém atrapalhar a gente. Eu não sei, eu não sei.
Hoje me sinto insegura, tenho a impressão que a qualquer momento tudo terá um fim pra sempre.
Mas vou vivendo, levando todo o amor que sinto comigo e esperando o meu, o seu o nosso destino.

Ninaa

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Re-amar






Olha, eu sei que o barco tá furado e sei que você também sabe, mas queria te dizer pra não parar de remar, porque te ver remando me dá vontade de não querer parar também.Tá me entendendo? Eu sei que sim. Eu entro nesse barco, é só me pedir. Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou. Faz tempo que quero ingressar nessa viagem, mas pra isso preciso saber se você vai também. Porque sozinha, não vou. Não tem como remar sozinha, eu ficaria girando em torno de mim mesma. Mas olha, eu só entro nesse barco se você prometer remar também! Eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes. Mudo o visual, deixo o cabelo crescer, começo a comer direito, vou todo dia pra academia. Mas você tem que prometer que vai remar também, com vontade! Eu começo a ler sobre política, futebol, ficção científica. Aprendo a pescar, se precisar. Mas você tem que remar também. Eu desisto fácil, você sabe. E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só me pedir. Perco o medo de dirigir só pra atravessar o mundo pra te ver todo dia. Mas você tem que me prometer que vai remar junto comigo. Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, basta me pedir. Mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nadar junto. Eu te ensino a nadar, juro! Mas você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver forças! Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser a toa, que vale a pena. Que por você vale a pena. Que por nós vale a pena.
Remar.
Re-amar. amar.








domingo, 5 de junho de 2011

Traição

Existem dias escuros, onde nada se enxerga além da desilusão de uma vida inteira.
Não é fácil aceitar que a mão estendida para você como se precisasse de ajuda era na verdade uma mão te puxando para o chão. Quantas vezes as mãos que acariciavam tentando acalmar alguém era a mesma mão que mais tarde estariam sobreposta ao rosto tentando cobrir a decepção e a dor de ser traida.
A vida é dura.
Minha tristeza me machuca como um ferro no peito, as lagrimas escorrem involuntáriamente....um dia vai passar.
E hoje decidi cuidar de mim, resolvi deixar o egoismo entrar e me invadir. Não vou pensar mais em ninguém, talvez assim a vida me devolva o que devolveu a você.
Porque as vezes, o mal com o mal se cura....

terça-feira, 24 de maio de 2011


Daqui a 50 anos eu ainda vou saber seu nome e vou me lembrar de todas as vezes que você me fez sorrir. Na minha memória, tão congestionada - e no meu coração - tão cheio de marcas e poços - você ocupa um dos lugares mais bonitos.

-Caio F. Abreu

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Pela passagem de uma grande dor.


A primeira vez que o telefone tocou ele não se moveu. Continuou sentado sobre a velha almofada amarela, cheia de pastoras desbotadas com coroas de flores nas mãos. As vibrações coloridas da televisão sem som faziam a sala tremer e flutuar, empalidecida pelo bordô mortiço da cor de luxe de um filme antigo qualquer. Quando o telefone tocou pela segunda vez ele estava tentando lembrar se o nome daquela melodia meio arranhada e lentíssima que vinha da outra sala seria mesmo “Desespero agradável” ou “Por um desespero agradável”. De qualquer forma, pensou, desespero. E agradável.
A luz de mercúrio da rua varava os orifícios das cortinas de renda misturando-se, azulada, à cor meio decomposta do filme. Pouco antes do telefone tocar pela terceira vez ele resolveu levantar-se — conferir o nome da música, disse para si mesmo, e caminhou para dentro atravessando o pequeno corredor onde, como sempre, a perna da calça roçou contra a folha rajada de uma planta. Preciso trocá-la de lugar, lembrou, como sempre. E um pouco antes ainda de estender a mão para pegar o telefone na estante, inclinou-se sobre as capas de discos espalhadas pelo chão, entre um cinzeiro cheio e um caneco de cerâmica crua quase vazio, a não ser por uns restos no fundo, que vistos assim de cima formavam uma massa verde, úmida e compacta. “Désespoir agréable”, confirmou. Ainda em pé, colocou a capa branca do disco sobre a mesa enquanto repetia mentalmente: de qualquer forma, desespero. E agradável.
— Lui? — A voz conhecida. — Alô? É você, Lui?
— Eu — ele disse.
— O que é que você está fazendo?
Ele sentou-se. Depois estendeu o braço em frente ao rosto e olhou a palma aberta da própria mão. As pequenas áreas descascadas, ácido úrico, diziam, corroendo lento a pele.
— Alô? Você está me ouvindo?
— Oi — ele disse.
Perguntei o que é que você estava fazendo?
— Fazendo? Nada. Por aí, ouvindo música, vendo tevê. — Fechou a mão. — Agora ia fazer um café. E dormir.
Hein? Fala mais alto.
— Mas não sei se tem pó.
—O quê?
— Nada, bobagem. E você?
Do outro lado da linha, ela suspirou sem dizer nada. Então houve um silêncio curto e em seguida um clique seco e uma espécie de sopro. Deve ter acendido um cigarro, ele pensou. Dobrou mecanicamente o corpo para a esquerda até trazer o cinzeiro cheio de pontas para o lado do telefone.
— Que que houve? — perguntou lento, olhando em volta à procura de um maço de cigarros.
— Escuta, você não quer dar uma saída?
— Estou cansado. Não tenho cabeça. E amanhã preciso acordar muito cedo.
— Mas eu passo aí com o carro. Depois deixo você de novo. A gente não demora nada. Podia ir a um bar, a um cinema, a um.
— Já passa das dez — ele disse.
A voz dela ficou um pouco mais aguda.
— E vir aqui, quem sabe. Também você não quer, não é? Tenho uma vodca ótima. Daquelas. Você adora, nem abri ainda. Só não tenho limão, você traz? — A voz ficou subitamente tão aguda que ele afastou um pouco o fone do ouvido. Por um momento ficou ouvindo a melodia distante, lenta e arranhada do piano. Através dos vidros da porta, com a luz acesa nos fundos, conseguia ver a copa verde das plantas no jardim, algumas folhas amareladas caídas no chão de cimento. Sem querer, quase estremeceu de frio. Ou uma espécie de medo. Esfregou a palma seca da mão esquerda contra a coxa. A voz dela ficou mais baixa quando perguntou:
— E se eu fosse até aí?
Os dedos dele tocaram o maço de cigarros no bolso da calça. Ele contraiu o ombro direito, equilibrando o fone contra o rosto, e puxou devagar o maço.
— Sabe o que é — disse.
—Lui?
Com os dentes, ele prendeu o filtro de um dos cigarros. Mordeu-o, levemente.
— Alô, Lui? Você está aí?
Ele contraiu mais o ombro para acender o cigarro. O fone quase se desequilibrou. Tragou fundo. Tornou a pegar o fone com a mão e soltou pouco a pouco o ombro dolorido soprando a fumaça.
— Eu já estava quase dormindo.
— Que música é essa aí no fundo? — ela perguntou de repente.
Ele puxou o cinzeiro para perto. Virou a capa do disco nas mãos.
— Chama-se “Por um desespero agradável” — mentiu. — Você gosta?
— Não sei. Acho que dá um pouco de sono. Quem é?
Ele bateu o cigarro três vezes na borda do cinzeiro, mas não caiu nenhuma cinza.
— Um cara aí. Um doido.
— Como ele se chama?
— Erik Satie — ele disse bem baixo. Ela não ouviu.
— Lui? Alô, Lui?
— Digue.
— Estou te enchendo o saco? — Outra vez ele escutou o silêncio curto, o clique seco e o sopro leve. Deve ter acendido outro cigarro, pensou. E soprou a fumaça.
— Não — disse.
— Estou te enchendo? Fala. Eu sei que estou.
— Tudo bem, eu não estava mesmo fazendo nada.
— Não consigo dormir — ela disse muito baixo.
— Você está deitada?
— É, lendo. Aí me deu vontade de falar com você.
Ele tragou fundo. Enquanto soprava a fumaça, curvou outra vez o corpo para apanhar
o caneco de cerâmica. Enfiou o indicador até
o fundo, depois mordiscou as folhas miúdas
com os incisivos e perguntou:
— O que é que você estava lendo?
— Nada, não. Uma matéria aí numa revista. Um negócio sobre monoculturas e sprays.
— What about?
—Hein?
— O que você estava lendo.
Ela tossiu. Depois pareceu se animar.
— Umas coisas assim, ecologias, sabe? Dizque se você só planta uma espécie de coisa na terra por muitos anos, ela acaba morrendo. A terra, não a coisa plantada, entende? Soja, por exemplo. Dizque acaba a camada de húmus. Parece que eucalipto também. Depois aos poucos vira deserto. Vão ficando uns pontos assim. Vazios, entende? Desérticos. Espalhados por toda a terra.
O disco acabou, ele não se mexeu. Depois, recomeçou.
— Assim como se você pingasse uma porção de gotas de tinta num mata-borrão — ela continuou. — Eles vão se espalhando cada vez mais. Acabam se encontrando uns com os outros um dia, entende? O deserto fica maior. Fica cada vez maior. Os desertos não param nunca de crescer, sabia?
— Sabia — ele disse.
— Horrível, não?
— E os sprays?
—O quê?
— Os sprays. O que é que tem os sprays?
— Ah, pois é. Foi na mesma revista. Diz que cada apertada que você dá assim num tubo de desodorante. Não precisa ser desodorante, qualquer tubo, entende? Faz assim ah, como é que eu vou dizer? Um furo, sabe? Um rombo, um buraco na camada de como é mesmo que se diz?
— Ozônio — ele disse.
— Pois é, ozônio. O ar que a gente respira, entende? A biosfera.
— Já deve estar toda furadinha então — ele disse.
—O quê?
— Deve estar toda furada — ele repetiu bem devagar. — A camada. A biosfera. O ozônio.
— Já pensou que horror? Você sabia dis so
Lui?
Ele não respondeu.
— Alô, Lui? Você ainda está aí?
— Estou.
— Acho que fiquei meio horrorizada. E com medo. Você não tem medo, Lui?
— Estou cansado.
Do outro lado da linha, ela riu. Pelo som, ele adivinhou que ela ria sem abrir a boca, apenas os ombros sacudindo, movendo a cabeça para os lados, alguns fios de cabelo caídos nos olhos.
— Não estou te alugando? — ela perguntou. — Você sempre dizque eu te alugo. Como se você fosse um imóvel, uma casa. Eu, se fosse uma casa, queria uma piscina nos fundos. Um jardim enorme. E ar-condicionado. Que tipo de casa você queria ser, Lui?
— Eu não queria ser casa.
- Como?
— Queria ser um apartamento.
— Sei, mas que tipo?
Ele suspirou:
— Uma quitinete. Sem telefone.
— O quê? Alô, Lui? Você não ia mesmo fazer nada?
— Um chá, eu ia fazer um chá.
— Não era café? Me lembro que você falou que ia fazer café.
— Não tem mais pó. — Ele lambeu a ponta do indicador, depois umedeceu o nariz por dentro. Então sacudiu o cinzeiro cheio de pontas queimadas e cinza. Algumas partículas voaram, caindo sobre a capa branca do disco, com um desenho abstrato no centro. Com cuidado, juntou-as num montinho sobre o canto roxo da figura central. — Nem coador de papel. E acabei de me lembrar que tenho um chá incrível. Tem até uma bula louquíssima, quer ver? Guardei aqui dentro. — Ele equilibrou o fone com o ombro e abriu a cadernetinha preta de endereços.
— Chá não tem bula — ela resmungou. Parecia aborrecida, meio infantil. — Bula é de remédio.
— Tem sim, esse chá tem. Quer ver só? — Entre duas fotos polaroid desbotadas, na contracapa da caderneta, encontrou o retângulo de papel amarelo dobrado em quatro.
— Lui? Você não quer mesmo vir até aqui? Sabe — ela tornou a rir, e desta vez ele imaginou que quase escancarava a boca, passando devagar a língua pelos lábios ressecados de cigarro —, eu acho que fiquei meio impressionada com essa história dos desertos, dos buracos, do ozônio. Lui, você acha que o mundo está mesmo no fim?
Ele desdobrou sobre a mesa o papel amarelo, ao lado das duas fotos tão desbotadas quanto as manchas redondas de xícaras quentes na madeira escura. Uma das fotos era de uma mulher quase bonita, cabelos presos e brincos de ouro em forma de rosas miudinhas. A outra era de um rapaz com blusa preta de gola em V, o rosto apoiado numa das mãos, leve estrabismo nos olhos escuros.
— Sem falar nas usinas nucleares — ele disse. E com a ponta dos dedos, do canto roxo do desenho na capa do disco, foi empurrando o montículo de cinzas por cima das formas torcidas, marrom, amarelo, verde, até o espaço branco e, por fim, exatamente sobre o rosto do rapaz da foto.
— Lui? — ela chamou inquieta. — Encontrou o negócio do tal chá?
— Encontrei.
— Você está esquisito. O que é que há?
— Nada. Estou cansado, só isso. Quer ver o que diz a bula? É inglês, você entende um pouco, não é? — Ela não respondeu. Então ele leu, dramático: —... is exceilent for ali types of nervous disorders, paranoia, schizophrenia, drugs effects, digestive problems, hornionai diseases and other disorders... — Começou a rir baixinho, divertido: — Entendeu?
— Entendi — ela disse. — É um inglês fácil, qualquer um entende. Porreta esse chá, hein? É inglês?
Ele continuou rindo:
— Chinês. Aqui embaixo diz produced in China. — Com a cinza, cobriu todo o olho estrábico do rapaz. — Drugs effects é ótimo, não é?
— Maravilhoso — ela falou. — O disco tá tocando de novo, já ouvi esse
— Tá bom — ela disse.
— Tá bom — ele repetiu. E pensou que quando começavam a falar desse jeito sempre era um sinal tácito para algum desligar. Mas não quis ser o primeiro.
— Vou tirar amanhã — ela falou de re pente.
—Hein?
— Nada. Vai fazer teu chá.
— Tá bom. Aqui diz também que tem vitamina E. — Abriu a mão e olhou as manchas branquicentas na palma. — Não é essa que é boa para a pele?
— Acho que aquela é a A. Não entendo muito de vitaminas.
— Nem eu. A C eu sei que é a da gripe, todo mundo sabe. Qual será a que cura os tais drugs effects? Cheirei todas hoje. Estou com aquele... vazio intenso, sabe como?
— Não sei. — De repente ela parecia apressada. — Vou desligar.
— Você ligou o rádio?
— Ainda não. Como é mesmo o nome dessa música?
— “Por um desespero agradável” — ele mentiu outra vez, depois corrigiu: — Não. É só “Desespero agradável”.
— Agradável?
— É, agradável. Por que não?
— Engraçado. Desespero nunca é agradável.
— Às vezes sim. Cocaína, por exemplo.
— Você só pensa nisso?
— Não, penso em fazer um chá também.
— Hein?
— Mas essa que tá tocando agora é outra, ouça. — Ele ergueu um momento o fone no ar em direção às caixas de som e ficou um momento assim, parado. — São todas muito parecidas. Só piano, mais nada. — A cinza cobria o rosto inteiro do rapaz na foto. — Essa agora chama-se “À l’occasion d’une grande peine”.
— Sei.
— É francês.
— Sei.
— Pena, dor. Não pena de galinha. Uma grande dor. Occasion acho que é ocasião mesmo. Mas podia ser passagem. Melhor, você não acha? Passagem parece quejá vai embora, que já vai passar. O que é que você acha?
— Vou ver se durmo. — Ela bocejou. — Francês, inglês, chá chinês. Você hoje está internacional demais para o meu gabarito.
— Escapismo — ele disse. E acendeu outro cigarro.
— Uma pena que você não queira mesmo sair. — A voz dela parecia mais longe. — Estou pensando em abrir mesmo aquela garrafa de vodca.
— Antes de dormir? — ele falou. — Toma leite morno, dá sono. Põe bastante canela. E mel, açúcar faz mal.
— Mal? Logo quem falando...
— Faça o que eu digo, não faça o que eu. A cinza descia pelo pescoço, quase confundida com o preto da gola. A voz dela soava um tanto irônica, quase ferina.
— Ué, agora você resolveu cuidar de mim, é?
— Vou fazer meu chá — ele disse.
— Como é mesmo que se pronuncia?
Esquizôfrenia?
— Não, é squizofrênia. Tem acento nesse e aí. E se escreve com esse, cê, agá. Depois tem também um pê e outro agá. Tem dois agás.
— E nenhum ipsilone? Nenhum dábliu? — ela perguntou como se estivesse exausta. E amarga. — Adoro ipsilones, dáblius e cás. Tão chique.
— D ‘accord — ele disse. — Mas não tem nenhum.
— Tá bom — ela riu sem vontade. Em seguida disse tchau, até mais, boa-noite, um beijo, e desligou.
Ele abriu a boca, mas antes de repetir as mesmas coisas ouviu O clique do fone sendo colocado no gancho do outro lado da cidade. O disco chegara novamente ao fim, mas antes que recomeçasse ele curvou-se e desligou o som. Em pé, ao lado da mesa, amarfanhou o papel amarelo e jogou-o no cinzeiro. Depois soprou as cinzas do rosto do rapaz. Algumas partículas caíram sobre a foto da mulher. Andou então até o pequeno corredor, curvou-se sobre a planta e com a brasa do cigarro fez um furo redondo na folha. Respirou fundo sem sentir cheiro algum. A sala continuava mergulhada naquela penumbra bordô, baça, moribunda, a almofada fosforescendo estranhamente esverdeada à luz azul de mercúrio. Ele fez um movimento em direção ao telefone. Chegou a avançar um pouco, como se fosse voltar. Mas não se moveu. Imóvel assim no meio da casa, o som desligado e nenhum outro ruído, era possível ouvir o vento soprando solto pelos telhados.
A primeira vez que o telefone tocou ele não se moveu. Continuou sentado sobre a velha almofada amarela, cheia de pastoras desbotadas com coroas de flores nas mãos. As vibrações coloridas da televisão sem som faziam a sala tremer e flutuar, empalidecida pelo bordô mortiço da cor de luxe de um filme antigo qualquer. Quando o telefone tocou pela segunda vez ele estava tentando lembrar se o nome daquela melodia meio arranhada e lentíssima que vinha da outra sala seria mesmo “Desespero agradável” ou “Por um desespero agradável”. De qualquer forma, pensou, desespero. E agradável.
A luz de mercúrio da rua varava os orifícios das cortinas de renda misturando-se, azulada, à cor meio decomposta do filme. Pouco antes do telefone tocar pela terceira vez ele resolveu levantar-se — conferir o nome da música, disse para si mesmo, e caminhou para dentro atravessando o pequeno corredor onde, como sempre, a perna da calça roçou contra a folha rajada de uma planta. Preciso trocá-la de lugar, lembrou, como sempre. E um pouco antes ainda de estender a mão para pegar o telefone na estante, inclinou-se sobre as capas de discos espalhadas pelo chão, entre um cinzeiro cheio e um caneco de cerâmica crua quase vazio, a não ser por uns restos no fundo, que vistos assim de cima formavam uma massa verde, úmida e compacta. “Désespoir agréable”, confirmou. Ainda em pé, colocou a capa branca do disco sobre a mesa enquanto repetia mentalmente: de qualquer forma, desespero. E agradável.
— Lui? — A voz conhecida. — Alô? É você, Lui?
— Eu — ele disse.
— O que é que você está fazendo?
Ele sentou-se. Depois estendeu o braço em frente ao rosto e olhou a palma aberta da própria mão. As pequenas áreas descascadas, ácido úrico, diziam, corroendo lento a pele.
— Alô? Você está me ouvindo?
— Oi — ele disse.
Perguntei o que é que você estava fazendo?
— Fazendo? Nada. Por aí, ouvindo música, vendo tevê. — Fechou a mão. — Agora ia fazer um café. E dormir.
Hein? Fala mais alto.
— Mas não sei se tem pó.
—O quê?
— Nada, bobagem. E você?
Do outro lado da linha, ela suspirou sem dizer nada. Então houve um silêncio curto e em seguida um clique seco e uma espécie de sopro. Deve ter acendido um cigarro, ele pensou. Dobrou mecanicamente o corpo para a esquerda até trazer o cinzeiro cheio de pontas para o lado do telefone.
— Que que houve? — perguntou lento, olhando em volta à procura de um maço de cigarros.
— Escuta, você não quer dar uma saída?
— Estou cansado. Não tenho cabeça. E amanhã preciso acordar muito cedo.
— Mas eu passo aí com o carro. Depois deixo você de novo. A gente não demora nada. Podia ir a um bar, a um cinema, a um.
— Já passa das dez — ele disse.
A voz dela ficou um pouco mais aguda.
— E vir aqui, quem sabe. Também você não quer, não é? Tenho uma vodca ótima. Daquelas. Você adora, nem abri ainda. Só não tenho limão, você traz? — A voz ficou subitamente tão aguda que ele afastou um pouco o fone do ouvido. Por um momento ficou ouvindo a melodia distante, lenta e arranhada do piano. Através dos vidros da porta, com a luz acesa nos fundos, conseguia ver a copa verde das plantas no jardim, algumas folhas amareladas caídas no chão de cimento. Sem querer, quase estremeceu de frio. Ou uma espécie de medo. Esfregou a palma seca da mão esquerda contra a coxa. A voz dela ficou mais baixa quando perguntou:
— E se eu fosse até aí?
Os dedos dele tocaram o maço de cigarros no bolso da calça. Ele contraiu o ombro direito, equilibrando o fone contra o rosto, e puxou devagar o maço.
— Sabe o que é — disse.
—Lui?
Com os dentes, ele prendeu o filtro de um dos cigarros. Mordeu-o, levemente.
— Alô, Lui? Você está aí?
Ele contraiu mais o ombro para acender o cigarro. O fone quase se desequilibrou. Tragou fundo. Tornou a pegar o fone com a mão e soltou pouco a pouco o ombro dolorido soprando a fumaça.
— Eu já estava quase dormindo.
— Que música é essa aí no fundo? — ela perguntou de repente.
Ele puxou o cinzeiro para perto. Virou a capa do disco nas mãos.
— Chama-se “Por um desespero agradável” — mentiu. — Você gosta?
— Não sei. Acho que dá um pouco de sono. Quem é?
Ele bateu o cigarro três vezes na borda do cinzeiro, mas não caiu nenhuma cinza.
— Um cara aí. Um doido.
— Como ele se chama?
— Erik Satie — ele disse bem baixo. Ela não ouviu.
— Lui? Alô, Lui?
— Digue.
— Estou te enchendo o saco? — Outra vez ele escutou o silêncio curto, o clique seco e o sopro leve. Deve ter acendido outro cigarro, pensou. E soprou a fumaça.
— Não — disse.
— Estou te enchendo? Fala. Eu sei que estou.
— Tudo bem, eu não estava mesmo fazendo nada.
— Não consigo dormir — ela disse muito baixo.
— Você está deitada?
— É, lendo. Aí me deu vontade de falar com você.
Ele tragou fundo. Enquanto soprava a fumaça, curvou outra vez o corpo para apanhar
o caneco de cerâmica. Enfiou o indicador até
o fundo, depois mordiscou as folhas miúdas
com os incisivos e perguntou:
— O que é que você estava lendo?
— Nada, não. Uma matéria aí numa revista. Um negócio sobre monoculturas e sprays.
— What about?
—Hein?
— O que você estava lendo.
Ela tossiu. Depois pareceu se animar.
— Umas coisas assim, ecologias, sabe? Dizque se você só planta uma espécie de coisa na terra por muitos anos, ela acaba morrendo. A terra, não a coisa plantada, entende? Soja, por exemplo. Dizque acaba a camada de húmus. Parece que eucalipto também. Depois aos poucos vira deserto. Vão ficando uns pontos assim. Vazios, entende? Desérticos. Espalhados por toda a terra.
O disco acabou, ele não se mexeu. Depois, recomeçou.
— Assim como se você pingasse uma porção de gotas de tinta num mata-borrão — ela continuou. — Eles vão se espalhando cada vez mais. Acabam se encontrando uns com os outros um dia, entende? O deserto fica maior. Fica cada vez maior. Os desertos não param nunca de crescer, sabia?
— Sabia — ele disse.
— Horrível, não?
— E os sprays?
—O quê?
— Os sprays. O que é que tem os sprays?
— Ah, pois é. Foi na mesma revista. Diz que cada apertada que você dá assim num tubo de desodorante. Não precisa ser desodorante, qualquer tubo, entende? Faz assim ah, como é que eu vou dizer? Um furo, sabe? Um rombo, um buraco na camada de como é mesmo que se diz?
— Ozônio — ele disse.
— Pois é, ozônio. O ar que a gente respira, entende? A biosfera.
— Já deve estar toda furadinha então — ele disse.
—O quê?
— Deve estar toda furada — ele repetiu bem devagar. — A camada. A biosfera. O ozônio.
— Já pensou que horror? Você sabia dis so
Lui?
Ele não respondeu.
— Alô, Lui? Você ainda está aí?
— Estou.
— Acho que fiquei meio horrorizada. E com medo. Você não tem medo, Lui?
— Estou cansado.
Do outro lado da linha, ela riu. Pelo som, ele adivinhou que ela ria sem abrir a boca, apenas os ombros sacudindo, movendo a cabeça para os lados, alguns fios de cabelo caídos nos olhos.
— Não estou te alugando? — ela perguntou. — Você sempre dizque eu te alugo. Como se você fosse um imóvel, uma casa. Eu, se fosse uma casa, queria uma piscina nos fundos. Um jardim enorme. E ar-condicionado. Que tipo de casa você queria ser, Lui?
— Eu não queria ser casa.
- Como?
— Queria ser um apartamento.
— Sei, mas que tipo?
Ele suspirou:
— Uma quitinete. Sem telefone.
— O quê? Alô, Lui? Você não ia mesmo fazer nada?
— Um chá, eu ia fazer um chá.
— Não era café? Me lembro que você falou que ia fazer café.
— Não tem mais pó. — Ele lambeu a ponta do indicador, depois umedeceu o nariz por dentro. Então sacudiu o cinzeiro cheio de pontas queimadas e cinza. Algumas partículas voaram, caindo sobre a capa branca do disco, com um desenho abstrato no centro. Com cuidado, juntou-as num montinho sobre o canto roxo da figura central. — Nem coador de papel. E acabei de me lembrar que tenho um chá incrível. Tem até uma bula louquíssima, quer ver? Guardei aqui dentro. — Ele equilibrou o fone com o ombro e abriu a cadernetinha preta de endereços.
— Chá não tem bula — ela resmungou. Parecia aborrecida, meio infantil. — Bula é de remédio.
— Tem sim, esse chá tem. Quer ver só? — Entre duas fotos polaroid desbotadas, na contracapa da caderneta, encontrou o retângulo de papel amarelo dobrado em quatro.
— Lui? Você não quer mesmo vir até aqui? Sabe — ela tornou a rir, e desta vez ele imaginou que quase escancarava a boca, passando devagar a língua pelos lábios ressecados de cigarro —, eu acho que fiquei meio impressionada com essa história dos desertos, dos buracos, do ozônio. Lui, você acha que o mundo está mesmo no fim?
Ele desdobrou sobre a mesa o papel amarelo, ao lado das duas fotos tão desbotadas quanto as manchas redondas de xícaras quentes na madeira escura. Uma das fotos era de uma mulher quase bonita, cabelos presos e brincos de ouro em forma de rosas miudinhas. A outra era de um rapaz com blusa preta de gola em V, o rosto apoiado numa das mãos, leve estrabismo nos olhos escuros.
— Sem falar nas usinas nucleares — ele disse. E com a ponta dos dedos, do canto roxo do desenho na capa do disco, foi empurrando o montículo de cinzas por cima das formas torcidas, marrom, amarelo, verde, até o espaço branco e, por fim, exatamente sobre o rosto do rapaz da foto.
— Lui? — ela chamou inquieta. — Encontrou o negócio do tal chá?
— Encontrei.
— Você está esquisito. O que é que há?
— Nada. Estou cansado, só isso. Quer ver o que diz a bula? É inglês, você entende um pouco, não é? — Ela não respondeu. Então ele leu, dramático: —... is exceilent for ali types of nervous disorders, paranoia, schizophrenia, drugs effects, digestive problems, hornionai diseases and other disorders... — Começou a rir baixinho, divertido: — Entendeu?
— Entendi — ela disse. — É um inglês fácil, qualquer um entende. Porreta esse chá, hein? É inglês?
Ele continuou rindo:
— Chinês. Aqui embaixo diz produced in China. — Com a cinza, cobriu todo o olho estrábico do rapaz. — Drugs effects é ótimo, não é?
— Maravilhoso — ela falou. — O disco tá tocando de novo, já ouvi esse
— Tá bom — ela disse.
— Tá bom — ele repetiu. E pensou que quando começavam a falar desse jeito sempre era um sinal tácito para algum desligar. Mas não quis ser o primeiro.
— Vou tirar amanhã — ela falou de re pente.
—Hein?
— Nada. Vai fazer teu chá.
— Tá bom. Aqui diz também que tem vitamina E. — Abriu a mão e olhou as manchas branquicentas na palma. — Não é essa que é boa para a pele?
— Acho que aquela é a A. Não entendo muito de vitaminas.
— Nem eu. A C eu sei que é a da gripe, todo mundo sabe. Qual será a que cura os tais drugs effects? Cheirei todas hoje. Estou com aquele... vazio intenso, sabe como?
— Não sei. — De repente ela parecia apressada. — Vou desligar.
— Você ligou o rádio?
— Ainda não. Como é mesmo o nome dessa música?
— “Por um desespero agradável” — ele mentiu outra vez, depois corrigiu: — Não. É só “Desespero agradável”.
— Agradável?
— É, agradável. Por que não?
— Engraçado. Desespero nunca é agradável.
— Às vezes sim. Cocaína, por exemplo.
— Você só pensa nisso?
— Não, penso em fazer um chá também.
— Hein?
— Mas essa que tá tocando agora é outra, ouça. — Ele ergueu um momento o fone no ar em direção às caixas de som e ficou um momento assim, parado. — São todas muito parecidas. Só piano, mais nada. — A cinza cobria o rosto inteiro do rapaz na foto. — Essa agora chama-se “À l’occasion d’une grande peine”.
— Sei.
— É francês.
— Sei.
— Pena, dor. Não pena de galinha. Uma grande dor. Occasion acho que é ocasião mesmo. Mas podia ser passagem. Melhor, você não acha? Passagem parece quejá vai embora, que já vai passar. O que é que você acha?
— Vou ver se durmo. — Ela bocejou. — Francês, inglês, chá chinês. Você hoje está internacional demais para o meu gabarito.
— Escapismo — ele disse. E acendeu outro cigarro.
— Uma pena que você não queira mesmo sair. — A voz dela parecia mais longe. — Estou pensando em abrir mesmo aquela garrafa de vodca.
— Antes de dormir? — ele falou. — Toma leite morno, dá sono. Põe bastante canela. E mel, açúcar faz mal.
— Mal? Logo quem falando...
— Faça o que eu digo, não faça o que eu. A cinza descia pelo pescoço, quase confundida com o preto da gola. A voz dela soava um tanto irônica, quase ferina.
— Ué, agora você resolveu cuidar de mim, é?
— Vou fazer meu chá — ele disse.
— Como é mesmo que se pronuncia?
Esquizôfrenia?
— Não, é squizofrênia. Tem acento nesse e aí. E se escreve com esse, cê, agá. Depois tem também um pê e outro agá. Tem dois agás.
— E nenhum ipsilone? Nenhum dábliu? — ela perguntou como se estivesse exausta. E amarga. — Adoro ipsilones, dáblius e cás. Tão chique.
— D ‘accord — ele disse. — Mas não tem nenhum.
— Tá bom — ela riu sem vontade. Em seguida disse tchau, até mais, boa-noite, um beijo, e desligou.
Ele abriu a boca, mas antes de repetir as mesmas coisas ouviu O clique do fone sendo colocado no gancho do outro lado da cidade. O disco chegara novamente ao fim, mas antes que recomeçasse ele curvou-se e desligou o som. Em pé, ao lado da mesa, amarfanhou o papel amarelo e jogou-o no cinzeiro. Depois soprou as cinzas do rosto do rapaz. Algumas partículas caíram sobre a foto da mulher. Andou então até o pequeno corredor, curvou-se sobre a planta e com a brasa do cigarro fez um furo redondo na folha. Respirou fundo sem sentir cheiro algum. A sala continuava mergulhada naquela penumbra bordô, baça, moribunda, a almofada fosforescendo estranhamente esverdeada à luz azul de mercúrio. Ele fez um movimento em direção ao telefone. Chegou a avançar um pouco, como se fosse voltar. Mas não se moveu. Imóvel assim no meio da casa, o som desligado e nenhum outro ruído, era possível ouvir o vento soprando solto pelos telhados.

Caio F. Abreu